AMAR AO PRÓXIMO COMO A
SI MESMO – O MAIOR MANDAMENTO
Mateus
6:25-34 Por isso, vos digo: Não é a vida mais do que o alimento, e o
corpo, mais do que as vestes?
Certa vez, ao tempo do Mestre Jesus, os Fariseus (1), tendo
sabido que E’le tapara a boca dos Saduceus (2), reuniram-se, e um deles, que
era Doutor da Lei, para o O tentar, propôs-lhe a seguinte questão: “Mestre,
qual o mandamento maior da Lei”? Jesus então lhe respondeu: “Amarás o senhor teu Deus de todo o teu
coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este o maior e o
primeiro mandamento. E aqui tendes o segundo, semelhante a esse: Amarás o teu
próximo como a ti mesmo. Toda a Lei e os profetas se acham contidos nesses dois
mandamentos.” (Matheus, cap. XXII, VV. 34 a 40)
Quando Jesus nos diz, “Amarás
o senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu
entendimento”, temos de nos perguntarmos: Qual a melhor maneira de amar a
Deus? E aí, os benfeitores espirituais nos esclarecem dizendo-nos que a melhor
maneira de amarmos a Deus é elevando nosso pensamento a E’le, através do culto
ao bem e do amor ao próximo, pois amar a Deus e ao próximo constitui dois
conceitos intimamente ligados. Como podemos amar a Deus e não amarmos o nosso
semelhante, filhos também deste Deus? Notemos que o Mestre deixa claro esta
ligação quando declara: “Este o maior e o
primeiro mandamento. E aqui tendes o segundo, semelhante a esse: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.”
Jesus não diz que um é maior que o outro, mas que ambos são semelhantes, afinal de contas, que pai
sentir-se-ia feliz em ser amado, mas sabendo que aquele que o ama, não ama o
seu filho?
Então, quem é o meu próximo? É aquele que está perto de mim?
Em minha família, trabalho, religião? Não, meu próximo é todo aquele irmão que
necessita de meus serviços, minha palavra, meus cuidados, meu dinheiro, minha
proteção e atenção, meus ouvidos e ombros, meu amor. A todo instante nos
deparamos com irmãos necessitados, não apenas do material, mas também de alguns
minutos de nossa atenção, de um ouvido disposto a apenas escutar e ombros
prontos para receber o rosto em lágrimas daquele que sofre. Sem interesses,
porquês ou retorno.
Mas amar nosso semelhante não para por aí, pois podemos
desenvolver este sentimento sublime através do respeito pelo direito alheio,
sabendo que o nosso direito termina quando começa o do outro. Querermos para o
outro aquilo que desejamos para nós mesmos, rejubilando-se com o seu sucesso
assim como faríamos por nós. Tratá-lo com lealdade, sinceridade e honestidade.
Allan Kardec, o codificador da Doutrina Espírita, pergunta
aos benfeitores espirituais na questão 893 de O Livro dos Espíritos: Qual a
mais meritória de todas as virtudes? E recebe como resposta: “Toda virtude
tem seu mérito próprio, porque todas indicam progresso na senda do bem. ...a
mais meritória é a que assenta na mais desinteressada caridade.” E ainda na
mesma obra, na questão 886, o venerável codificador pergunta: Qual o verdadeiro sentido da palavra
caridade, como a entendia Jesus? Recebendo da espiritualidade o esclarecimento:
“benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros,
perdão das ofensas. Amar o próximo é fazer-lhe todo o bem que nos seja possível
e que desejáramos nos fosse feito. tal o sentido destas palavras de Jesus:
amai-vos uns aos outros como irmãos...”
Tendo aí o ensinamento sobre a prática da caridade e do amor
que devemos devotar ao nosso próximo, fica ainda a questão: Qual o maior
obstáculo para amarmos o próximo? EGOÍSMO, essa úlcera moral que atinge a humanidade,
dele derivando todo o mal. Quem
quiser, desde esta vida, ir
aproximando-se da perfeição moral, deve expurgar o seu coração de todo
sentimento de egoísmo, visto ser este incompatível com a justiça, o amor
e a caridade neutralizando todas as outras qualidades. O egoísmo é a fonte de
todos os vícios, assim como a caridade o é de todas as virtudes.
E o remédio
para esse vício moral tão destrutivo é o AMOR, causa primeira de todas as
coisas, porquanto a criação é um ato de amor. Somos todos filhos de Deus, que é
o amor em sua mais pura essência e, quando criados, o somos com esta centelha
divina latente dentro de nós. O que precisamos é aprender a exteriorizar este
amor em direção de nossos irmãos, de nós, da natureza, da vida, de Deus.
Jesus estava sempre em prece, mas toda a sua vida foi um ato
de adoração a Deus, através do amor ao próximo. Amou criminosos, publicanos
(3), samaritanos (4), adúlteros e adúlteras, mulheres envolvidas com paixões
inferiores, amou até seus próprios algozes. Amou indistintamente todos aqueles
que atravessaram o seu caminho.
E nós, como estamos amando o nosso próximo? Vendo nossos irmãos passarem as dificuldades
da vida sem ajudá-los ou estamos buscando exteriorizar aquele amor que existe
dentro de nós em seu benefício? Estamos ainda incorrendo na prática criminosa
do aborto ou estamos dando a vida a nossos irmãos que assim como nós pedem uma
oportunidade para vir a este mundo a fim de aprender, crescer, evoluir? Estamos
vendo nossos irmãos em prantos e dores pelas ruas e passando de largo ou
estendendo-lhes as mãos como Jesus fez a tantos de nós?
Caríssimos irmãos, a hora é chegada. Não nos cabe mais a
inércia, a desatenção, o “não tô nem aí” para o que acontece à nossa volta. Se
pretendemos crescer espiritual e moralmente e fazermos parte de um novo mundo,
um mundo de regeneração que se avizinha, devemos arregaçar as mangas e começar
a mudar conceitos, idéias, pensamentos, valores. Trabalharmos pela nossa reforma íntima para,
aí sim, reformarmos a nossa sociedade, refletindo nas palavras da veneranda
Joanna de Ângelis (5):
Desce à dor e
ergue o doente;
Mergulha no charco
e levanta os que ali encontrar;
Curva-se para
socorrer;
Mas eleva-se rumo
a Deus através do pensamento ligado a seu amor e vencerás os obstáculos;
Ama pelo caminho,
plantas, animais, homens, e descobrirá por fim, amando a deus”
(1) Fariseus:
doutores da Lei que interpretavam a Lei Judaica (torá)
(2) Saduceus:
membros de seita judaica formada por volta de 248 a.C. Faziam oposição aos
Fariseus.
(3) Publicanos:
coletores de impostos nas províncias do Império Romano ao tempo de Jesus.
(4) Samaritanos:
Grupo étnico dissidente dos fariseus, vistos como hereges por estes.
(5) Joanna
de Ângelis: mentora espiritual do médium Divaldo Pereira Franco.
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